O mais Epílogo dos Prólogos [...]

Posted by Felipe Luna | Posted in | Posted on 18:21

PARA ANTES DE QUALQUER COISA, UM PRÓLOGO BIVALENTE.
Andei mergulhado em páginas e cheguei à conclusão de que há duas formas particularmente simples para deixar qualquer publicação lingüística uma obra instigante e digna dos elogios “leitorianos”- os mais conceituados, diga-se de leitura, digo, passagem. A primeira delas é a mesmíssima e maçante fórmula do sucesso para os românticos escritores (eu disse românticos escritores, não escritores românticos), o amor. “Escreves com amor e conquistarás o mundo” já dizia alguém. Como assim? Ninguém disse isso? Pois deveria ter dito! Essa é uma verdade absoluta e unânime, mesmo para os relativistas extremos que não concordam com a universalização deste rico sentimento, os quais eu não mantenho nenhuma objeção pessoal, excluindo, é claro, a minha vontade de matá-los quando não se convencem do contrário. “Começas o teu texto com amor e saberás exatamente o que dizer e como dizer”. Outra célebre frase não dita. Todo o conteúdo desliza pelas linhas como uma criancinha prodígio nos patins no Central Park, quando se usa o amor como caneta. A mesma inocência e a mesma habilidade de quem nem sabe o quanto é difícil o que está fazendo. Tudo flui. E quando você termina nem se reconhece ali. Parece que quem escreveu aquilo foi alguém muito melhor do que você (nada pessoal).
Mas é no fim que entra em página a segunda forma de temperar o que se escreve. Aii, os epílogos! Poucas coisas ficam na memória de um leitor como um majestoso epílogo. Sussurram na nossa mente como a última nota da nossa música preferida. Arrepiam e deixam saudades, mesmo que tenham sido usados originalmente no teatro grego pra pedir benevolência aos erros cometidos, ou mais tarde usados por Shakespeare para agradecer a audiência. Eles têm sua função emotiva também. “Farás um bom epílogo e deixarás uma legião de fãs aos teus pés”. O 3º mandamento sagrado, assolado na inexistência até então.
Eu particularmente sempre achei que a última impressão é a que fica. Conheça uma pessoa simpática e ouça por uma hora as brigas que ela já teve para ver se a impressão de simpatia sobrevive. Certamente que não. A primeira impressão é a principal habitante dos cemitérios perceptivos. Vou lhe confessar uma coisa: eu estaria banido da vida social se a primeira impressão que geralmente têm da minha pessoa achasse o elixir da imortalidade. Assim como você gosta de alguém e por um último ato se decepciona com ele(a), os maus epílogos têm o poder de levar aquele livro estimulante ao completo esquecimento e descaso. “Mais importante do que chegar numa casa e ser simpático, é sair de lá sendo adorado”, já dizia minha avó. (Acho que ela nunca disse isso).
E antes mesmo que me venha a oportunidade de citar alguma outra frase que nunca teve o prazer de ser pronunciada, eu quero lhe dizer, caríssimo leitor, que o importante é saber terminar, deixar saudades, fazer um Grand Finale. Porém, tudo que é bom deve durar para sempre, por isso o melhor epílogo é aquele que começa com jeitinho, cumpre sua função, e sai de cena à francesa, deixando a sensação que é infinito. E se um dia você o encontrar pela vida diga a ele, por favor, que o meu sonho é conhecê-lo.

Comments (7)

eu axo q realmente fazia muito tempo q eu não lia nada teu...
tá perfeito...
original..
sincero...
transparente e curioso ao mesmo tempo!!!!!!

É nessas horas que eu realmente me sinto orgulhosa de não ter errado mais uma vez. Não me enganei se quer um segundo em te admirar tanto, no entanto, acho que estou errando agora, pois subestimei a tua capacidade de me manusear tão sublimamente as letras no teu divã - não que eu já não soubesse que tu o fazias bem - mas não com tanta destreza, clareza, firmeza e tantas outras -ezas...
Apesar de que é um texto que não me traz nada de tão surpreendente em seu conteúdo, pois se trata da descrição e/ou transmutação de pensamentos de uma pessoa exatamente igual ao texto:incrível, sincero ao extremo, cativante e instigante...

Ah, muito bem escrito, cara! Superei a preguiça e li até o final... valeu a pena, viu? rs

Sinto-me como quem prova o néctar dos deuses. A proeza em escrever te transcorre pelas veias, veias essas que não são mais humanas, são literárias.
Se te digo "parabéns", sou piegas; se te digo "muito bem", sou singelo; se te digo que "foste formidável ao tecer tal maravilha", sou completo.
Esse é o "de Luna Berto".

Eu estou realmente surpresa. Não é sempre que eu recebo bons links às 02:00 da madrugada, e dessa vez, superou toda e qualquer expectativa. Adicionado aos favoritos de imediato, aguardo atualizações, como uma boa leitora viciada em boa leitura que sou.

Está "tutti divini"!

(Só não tiro uma foto da minha expressão de surpresa pois estou com olheiras e muito cansada!)

Luna você anda nojento, não é criatura? kkkkkkkkkkkkkkkkk
Você arrasa meu querido. Parabéns.

p.s: Mas que pessoa, hein?

"'Escreves com amor e conquistarás o mundo' já dizia alguém. Como assim? Ninguém disse isso? Pois deveria ter dito! Essa é uma verdade absoluta e unânime, mesmo para os relativistas extremos que não concordam com a universalização deste rico sentimento, os quais eu não mantenho nenhuma objeção pessoal, excluindo, é claro, a minha vontade de matá-los quando não se convencem do contrário."

Deus me livre de falar em relativo a partir de hoje...











Mas, como eu não consigo segurar a vontade, isso é relativo!!!